sábado, janeiro 20, 2007

Elis: 25 Anos Depois


Lembro bem daquele início de tarde de janeiro, quando retornávamos do almoço um colega de trabalho chegou com o semblante grave e disse pára todos ouvirem “O mundo ficou mais triste: Elis Regina morreu...”. Ainda era muito jovem e não tinha a sensibilidade amadurecida para compreender o que ele estava falando. Tinha algumas imagens na cabeça de Elis falando no “Jornal do Almoço”, da famosa entrevista dizendo que “não ia sair por ai fantasiada de prenda”, dela chorando cantando “Atrás da porta” e de outras recordações.

“O mundo ficou mais triste” ele disse.

Hoje 25 anos após aquele dia eu compreendo um pouco mais o que ele quis dizer. A capacidade vocal, a sensibilidade aguçada, o carisma, empatia, vida colocada nas letras tudo isto fizeram desta gaúcha uma das maiores cantoras que este país já teve em todos os tempos. Em diversos momentos da minha vida ouvi seus discos e embalei tristezas, desânimos, despedidas, reflexões e pensamentos diversos com sua voz de fundo musical.

Impossível não se deixar emocionar quando em “Fascinação” toda a alma feminina explode nos últimos versos: “És fascinação amor”. Passei vários casamentos emocionado quando esta música era cantada na cerimônia, esquecendo quase onde estava. Em “Me deixas louca” o ritmo melódico convida a uma letra cheia de emoções, e o embalo de sua voz refinada leva a ser envolvido por aquele momento raro de momento de boas sensações. Ali também percebo o quando ela conseguia unir interpretação e capacidade, técnica e magia numa mistura que sai perfeita.

Sua filha Maria Rita tem estilo e carisma próprios, mas não deixa de ser muito emocionante vê-la cantar como tive a oportunidade de ver em Porto Alegre, terra de sua mãe, numa ocasião sensível reunindo velhos conhecidos de Elis. Momento místico para os fãs que transformaram o teatro num templo de adoração.

Quanta falta Elis nos faz hoje em dia. A mídia entupida de música medíocre, sem o mínimo de talento, mas que vendem milhões, engordando bolsos pouco artísticos e mais comerciais.
O mundo ficou mais triste mesmo, mais insensível, mais duro, mais comercial, com mais letras de gosto duvidoso, pseudo cantores sem ritmo e carisma ancorados em suas figuras exóticas. Falta sensibilidade, amabilidade, interpretações que amaciam nossos ouvidos e nos acaricie a alma. Por isto Elis sempre viverá no coração dos que a cultuam e como uma marca na alma dos românticos, isto hoje, daqui a outros 25 anos e sempre. “ E nada mais....”

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tive o privilégio de poder acompanhar a passagem desta emocionamte mulher, mas sem sombra de dúvida, a cada música que escuto ou a cada arquivo de vídeo que a vejo, ela me fascina, com seu sorriso meigo e seu olhar penetrante, porque ela vive (canta) com a alma.
Como sempre querido, o teu olhar sobre as coisas é inebriante.