terça-feira, outubro 30, 2007

A Felicidade como Obrigação




Weihnachten:
Glück als Verpflichtung
Christmas:
happiness as an Obligation
Navidad: felicidad e obrigaciòn
joyeux noël et beaucoup de bonheur
Natale: felicità come obbligo
Kerstmis: geluk als Verplichting
счастье как обязательство
Рождество: счастье как обязательство




Já fazem várias semanas que eu vi o primeiro Papai Noel deste Natal. No prédio da frente, vejo, pela janela, que a vizinha esta com a árvore natalina já montada cheia de bolas coloridas penduradas. Nas lojas já se observa o movimento de instalação das luzes. O Natal chega cada ano mais cedo. De festa cristã se transformou num grande comércio destes que as pessoas gritam nas ruas querendo agarrar os clientes a força. A gente quase se obriga a comprar presentes pra família, pros amigos, pros empregados, pros porteiros. A contribuir na caixinha dos lixeiros e dos funcionários das padarias e dos bares. Acabamos indo mesmo contrariado, e participamos da festa de final de ano da empresa nos obrigando a sorrir e confraternizar com quem convivemos o ano todo, muitas vezes em constante conflito. A festa de família se transforma uma obrigação, onde somos submetidos muitas vezes a conviver com concunhados de pouca intimidade ou agregados desconhecidos com quem assuntos em comum são raros.


Parece que um decreto baixa e a gente fica obrigada a ser feliz naquele período. Uma overdose de generosidade (ou seria culpa?) invade nosso cotidiano e nos pressiona e oprime. Não sei se ando com o nível de mau humor além da conta ou se minha “ ficha anda caindo” sobre a extrema hipocrisia que ronda este tipo de situação. As situações sociais nos obrigam a agir de um jeito formal, falando baixo quando a vontade é explodir. Esperando a vez, quando o desejo é gritar para ser atendido logo, calando quando se quer pegar pelo pescoço o interlocutor. Esta é a moderação que modela à civilização e evita a barbárie. Mas quando esta adaptação social chega ao nível de termos que fingir sentimentos e esconder vontades, com certeza algo não esta bem.


A felicidade é um estado de espírito, algo que pode sofrer as alterações do externo, mas que tem o seu nascedouro no interno. Já vi gente feliz morando em casas de chão batidos, no interior do Amazonas, e infelizes na zona mais cara de Paris. Fico impressionado como algumas pessoas se sentem na obrigação da alegria, e da liberalidade sexual, no carnaval. Quando a cota de sexo é menor que a expectativa, nesta ocasião, vem a frustração quando não a baixa estima. Esquecemos que o processo interior de auto valorização, de conhecimento e de aplicação do tempo e da energia em algo que resulte em retorno duradouro, que é a fonte de uma felicidade diferente que não se varre como confete nas ruas da quarta de cinzas. Mas isto é um esforço grande. Ser conduzido pelo externo é muito mais fácil, nadar a favor da correnteza é menos cansativo, ser diferente exige e nosso comodismo e nosso medo de ousar se tornam aliados de todo este processo de padronização a que estamos expostos.


Neste final de ano ainda serei submetido à convivência forçada com muitos velhinhos barbudos, vestido de vermelho num contraste ao calor tropical desta época. Ainda serei abordado por legiões de pedintes clamando pelo meu espírito natalino, materializado em notas e moedas. A todos reagirei com um sorriso e votos de feliz natal, mas não me curvarei à pressão de fazer o que é contra minha vontade. Não irei a festas cujo cinismo de ocasião é o convidado principal e não me obrigarei a conviver com estranhos fantasiados de amigos de aluguel. Posso passar por antipático, mas a felicidade interior que sentirei, não me submetendo, me trará uma satisfação ampla e me permitirá uma dedicação maior aos que eu amo e cuja convivência realmente vale à pena.
Quem sabe assim resgate o espírito maior do Natal que é o cultivo de esperanças e não a idolatria material e a compensação da culpa de um ano de egoísmo e desligamento , desta forma, tenha um real Feliz Natal !!!.

6 comentários:

Anônimo disse...

Somente agora tomas esTa providencia? Faz tempos que me livrei deste ritual maquiavekico de consumismo desenfreado. Voce se esqueceu de dizer dos cartões de Boas Festas. Pecado Mortal em não faze-lo. Dou presentes durante os 365 dias do ano, Natal não mas, se fizesse estaria entrando no consumismo desenfreado.
Libertei-me de milhares de rituais, não convivo com antipaticos e mal amados.
Concordo com todas as suas palavras.
NAMASTÊ

Unknown disse...

Parabéns...
Mais uma vez você soube tão claramente num simples texto, demonstrar o nosso cotidiano.

Grande beijo

Rafael Filho disse...

Escreveu muito bem.O natal é um dia ótimo na minha opinião um dos dias melhores do ano,mas não só para ganhar presentes e sim reunir a família e dividir a alegria.Grande Abraço.

young vapire luke lestat disse...

Não sou cristão por isso não comemoro o natal ,mas gasto dinheiro e muito.
Viajo compro presentes , afinal é uma celebração criada pelo comercio...

seu blog é muito bom ,é a primeira vez que o vizito


parabéns



[]L.Sakssida

MaxReinert disse...

heheheh.... e viva o velhinho com o saco cheio de hipocrisia!!!

E viva os shoppings... as lojas e o santo cartão de crédito! Amém!

Juliana Toledo disse...

Olá. Adorei seu blog. Muito bem escrito. Também sou jornalista e tenho um blog. Depois passe por lá e dê uma olhadinha. Concordo com você quanto ao natal. É mesmo uma época recheada de mitos e simbologias. Todo mundo "ajuda", "perdoa", "sorri" e, após passar o dia 25, volta tudo ao normal. Miséria, falsidade e pequines assombram a mente humana.
(www.saltofino.wordpress.com)