quarta-feira, dezembro 20, 2006

Casar? ou Repensando o que já tinha como certo



No final de semana passado casou um dos últimos amigos, lá da cidade onde nasci no interior do RS, que permanecia solteiro. Cerimônia emocionante reunindo diversos amigos que eu não via há muito tempo, festa concorrida, animada, divertida. O calor gaúcho, típico desta época, obrigou a saídas constantes para a rua, ali iluminados pelas estrelas conversávamos relembrando velhos tempos, nos atualizando da vida uns dos outros, matando saudades.

O noivo é meu velho conhecido. Trabalhávamos em lugares vizinhos, nos tornamos amigos, companheiros de festas, bailes, jantares. Dividimos confidências, problemas, alegrias. Sou testemunho do seu esforço e dedicação nos estudos para alcançar um grau acadêmico, seu interesse com a comunidade através dos diversos grupos que fez parte. Amizade valiosa que mesmo agora distante se mantêm. Não poderia faltar neste momento tão importante da vida deles e dos pais de ambos.

No inicio da cerimônia, na velha Igreja dos Navegantes, se destacou uma voz feminina que do alto do coro, acompanhada por um violão, cantando “Eu não existo sem você” de Tom Jobim e Vinícius de Morais. Bela interpretação que desde os primeiros versos prendeu a atenção dos convidados. No embalo da melodia iam entrando na nave da Igreja, com espaços de tempo e vagar os padrinhos. Fiquei relembrando pedaços da vida ali no interior, refletindo na face dos padrinhos conhecidos bons momentos vividos.

Já na primeira parte da letra o autor marcou com uma frase forte, que a sensibilidade da interprete deu mais força: “Que todo grande amor só é bem grande se for triste.” Saí do estado de torpor, emocional e saudosista, e fiquei pensando na frase. Será que a tristeza esta tão presente nos amores, a ponto de só ela poder eleva-los? O tema não é novo. A história de Romeu e Julieta é o modelo do amor romântico que esta no senso comum. E o resumo dela é disputas de poder, suicídio, morte, final trágico. Os amores das óperas estão destinados a desgraça, as paixões das letras dos tangos a traição e o fracasso. A literatura já criou diversas histórias de amor recheadas de culpa e o cinema se debruçou sobre o tema criando espaço para o amor que se abandona, como em Casablanca, o amor que não se consuma (Vestígios do Dia), o cinismo no amor (Closer) e até a incapacidade de amar ( O Perfume).

Os amores comuns que dão certo e que se mantêm por anos apesar da velhice, dos problemas e dos fatores que a convivência cria não são noticias, temas de produções nem comentários no bar da esquina. Caem na vala comum do desinteresse. No entanto, eles ainda são o ideal da maioria das pessoas que sonha com uma parceria de vida mais forte e presente. Pilar de sonhos, inspiração de um cotidiano mais feliz, esperança de se contar com alguém sempre, possibilidade de se chegar a uma intimidade onde as palavras fiquem secundárias. Será demais ou sonhar é preciso?

Eu sempre achei que não tinha vocação pro casamento. Mas ouvindo a canção no início da cerimônia resolvi repensar esta situação, mesmo sabendo que uma possível mudança de opinião implica em diversos ajustes e processos muito complicados para alguém já na minha fase de existência. Mas, como uma resposta à mesma canção continua e me diz “Por isto meu amor, não tenha medo de sofrer, que todos os caminhos me encaminham a você....” Vou pensar!!

4 comentários:

O Destro & O Canhoto disse...

Não pensa muito a respeito. Siga como o título do seu blogm vivendo. O casamento é só uma conseqüência que se tiver que vir virá. (ou não hehehe)

Abração.

Vou te ler sempre, nao deixe de visitar o meu.

O Destro.

Unknown disse...

Desejo que vc seja feliz em seu casamento!!!!
Espero ser no meu tbm, afinal eu já te falei que to me casando também né?
Ainda não? Pois é verdade, quem diria né?
Abraço

Anônimo disse...

Se voce for se casar, nao deixe de me convidar... especialmente para padrinho.
Grande abraço!

Unknown disse...

Como romântica assumida, adorei este texto! Mesmo que eu não fosse romântica, está ótimo.
Eu quero, sim, casar...sei que dá um trabalhão, mas penso que ainda vale a pena - claro, se for com a pessoa certa.

o problema maior é: quem é esta pessoa?????