sexta-feira, dezembro 22, 2006

O melhor dos Natais



História narrada por D. Adelina da Rosa Cruz, 90 anos, residente em Arroio dos Ratos a mim, seu neto.



“Era véspera de natal, todos nos aprontávamos para as festas junto da família. Tinha sido um ano bem difícil aquele, de 1941, uma enchente alagava ruas de Porto Alegre, um gaúcho comandava o Brasil com um governo mão de ferro, o mundo ainda estava em guerra. Em minha casa em Arroio dos Ratos, eu com 23 anos, meu marido e três outros filhos - dois meninos e uma menina - esperávamos a chegada do caçula”.



A véspera do natal foi passando e fui me sentindo cansada, com os pés pesando. Terminei o dia quase exausta deitada, mas todos achavam que não era pra logo que o bebe nasceria. Na medida que a noite avançou as dores já davam sinal, a hora havia chegado. Meu marido foi em busca da parteira, tradicional na cidade que já havia trazido muitos ao mundo, não a achou em casa. Orientado por parentes foi até a Igreja de Santa Bárbara - padroeira dos mineiros - onde fora rezar na Missa do Galo. A chamou explicando a urgência e partiram, de charrete, para o sítio onde morávamos.



O parto foi difícil pela precariedade da situação, mas a alegria de ter mais uma filha, uma caçula, superou qualquer dificuldade. Já era 25 de dezembro, dia de Natal, as alegrias nas ruas, as famílias reunidas, os sinos das Igrejas tocando. Demos o nome de Cirlei Natália, em homenagem a data que fomos presenteados por Deus com a benção de sua vida.

Hoje, passado 65 natais, meu marido e um dos filhos já partiram. Minha filha já e mãe e avó. Mas todos os anos nos reunidos, os filhos, noras, genros, netos e bisnetos para comemorar o Natal em torno de nossa filha caçula, nosso maior presente de Natal.”

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