domingo, dezembro 10, 2006

Crônicas de Portugal Final


No dia 25 de novembro em Lisboa, e há uma tentativa para que seja em toda a Europa, se inauguram as luzes de natal. Por toda a capital as ruas, praças, monumentos e prédios se enchem de arranjos e luzes com motivos natalinos. O ponto alto é uma árvore de natal, com vários metros de altura, que fica na praça do comércio, em frente ao Rio Tejo. Na hora marcada uma multidão se acotovela, a chuva cai e as marquises se tornam abrigos disputados, mas logo ela se vai e o colorido, a música e todo o ambiente que se cria compensa os momentos de aperto e esforço para não se molhar. A arvore realmente é linda, mas meu bairrismo acha a do Rio de Janeiro, na Lagoa, mais alta e, claro, a do Parcão em Porto Alegre mais bonita.


Meus últimos dias em Lisboa foram de trabalho. O dia amanhece pelas 7h e já às 18h é noite profunda. O tempo para os passeios se reduziu à noite, mas foram bem aproveitados nas visitas a arquitetura, as vielas e observando o povo do Baixo Alto, Chiado, Príncipe Real e Alfama. As luzes e os arranjos natalinos davam um motivo a mais para caminhadas noturnas e o frio do inicio de inverno tornava os passantes mais elegantes, transformando as pessoas em uma atração. Gosto de visitar lugares comuns quando viajo a outros paises, gosto de entrar em lojas baratas e supermercados, assistir missas, pegar ônibus e metro, freqüentar padarias e bancas de jornal. Fui ao cinema, onde um intervalo permite aos fumantes umas tragadas antes de continuar a história. Esgotado a cota de monumentos e pontos turísticos os nativos e sua cultura são sempre algo instigante.


O português é um povo cortes em geral, mas pela herança moura tem um lado de pouca paciência, rústico e direto que pode passar a impressão de grosseria. Exemplos claros são os taxistas. Querer criar uma briga é tentar entrar pela porta esquerda do veiculo, quase aos gritos eles impedem e protestam. O racismo esta presente, às vezes sem o mínimo disfarce: os colegas jornalistas da áfrica tiveram dificuldade várias vezes em tomar um táxi, pois mesmo vazios não paravam para eles.


Na ultima noite lisboeta fui à parte moderna da cidade. A estação de metrô oriental é moderna cheia de arcos e curva, a sua frente o shopping Vasco da Gama é limpo, organizado e com corredores largos e lojas bonitas. No mesmo perímetro esta o oceanário, impressionante construção que abriga um enorme aquário cheio de peixes, moluscos e criaturas do mar. À frente o pavilhão que abrigou a Expo-98 e mais adiante, e mais luxuoso, o imenso prédio do Cassino Lisboa.O complexo reúne restaurantes, espaço para shows, auditórios e três andares dedicados aos jogos. Roletas, baralhos, máquinas caça níqueis, crupies, pano verde tudo como se vê nos filmes, mas sem o tradicional ar de ilegalidade que em geral acompanham as produções. Vou assistir o show do grupo Momix, uma combinação de dança, vídeo, som e ilusionismo, momento de beleza que me levou longe. Senti-me quase em Las Vegas.


Revitalizado pelo espírito romântico e desbravador de Portugal retornei ao Brasil, a Brasília- via São Paulo- e em breve para minha querida Porto Alegre “cidade do meu andar”. Dias de ampliação do conhecimento, de diversão, reflexão e de carinho na alma de um geminiano reflexivo e curioso já indo pra segunda metade da vida.

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