Eu minto tanto a minha idade que às vezes acabo me esquecendo dela. Outro dia tive que preencher um documento e fui obrigado a parar para pensar o ano que nasci e fazer as contas. Mas quando as datas são redondas eu sempre faço destas ocasiões momento de comemoração, passagem e procuro formas de deixar registradas estas fases da vida. Assim que quando completei a mais recente “idade redonda” resolvi fazer uma tatuagem. Foram meses pensando no melhor modelo, no tamanho, no local do corpo a aplicar, na mensagem, no idioma. Já se passou o tempo que uma tatuagem era para sempre, assim como os amores seriam eternos, hoje com a fugacidade dos sentimentos e com as técnicas de laser tudo pode se apagar ou se modificar rapidamente.
Finalmente tomei coragem, escolhi um estúdio e de posse do modelo já desenhado me submeti ao procedimento. Escolhi uma parte do corpo que não esta a mostra a toda hora, ou que me reserva o direito de mudar só quando e a quem eu quiser. Paguei o preço da dor na pele e do incômodo de ficar me retorcendo enquanto a agulha e a tinta iam compondo o contorno do desenho. Finalizado o trabalho começam os cuidados e a convivência com a dor acompanha durante uns dias.
Escolhi um ideograma kanji japonês que significa Felicidade. Um desenho com traços finos, tamanho pequeno, desenhado por alguém especial. Estudando as complexidades deste idioma, descobri que existe uma série de caracteres para tratar felicidade, tanto de forma adjetiva como substantiva. Um por ser feliz, outro por estar feliz. Uns tratando felicidade como um estado de espírito, como uma alegria familiar, como uma satisfação mais perene ou como uma conquista, vitória ou premiação. Escolhi para ter gravado no meu corpo o ideograma que representa felicidade como benção, fortuna e paz. Uma junção de desejos futuros na nova fase da vida.
Agora a felicidade esta sempre comigo, marcada na minha pele, para sempre. A felicidade que escolhi é uma benção que me acompanha nas dificuldades, me inspira, protege, ilumina, orienta. É a fortuna de ter o suficiente sem escassez e sem ostentação. É a paz que traz à tranqüilidade, a sensatez, a consciência e impulsiona a ação. Estar com a marca da felicidade é uma consolação, mas também uma responsabilidade. Se por um lado, me acalma nos momentos de dificuldade e me faz recuperar o otimismo e a perseverança, por outro cresce a responsabilidade do cuidado próprio, de não exagerar, viver com qualidade e distribuir a mesma felicidade aos que me acompanham. Uma tatuagem pode ser apenas traços numa parte do corpo, eu preferi torná-lo significado para uma fase da vida, símbolo de desejos e bússola para o caminho.
5 comentários:
Liandro.
A FELICIDADE vem de dentro para fora do corpo. Vem do coração da alma, do espirito e irradia pelo todo. Une o corpo a eles.Não há necessidade de tatuahens para ser FELIZ, ou quiz voce mostrar que esta sabendo japones tb?
Vou te dar um livro budista que fala deste assunto.
Não publiques por favor o meu comentário.
Na minha visão esta voce pisou no tomateiro, alias jaqueira. Mesmo estando muito bem escrita, como tudo que fazes neste campo.
NAMASTÊ
olha.... mais aum tatuado no mundo!!! Como se sente?
pois é... eu tbm fiz uma tatuagem mais ou menos pelo mesmo motivo... mesmo que não tenha sido numa idade "redonda" (acho que me atrsei um pouco era pra ter feito aos 30!) mas como um momento de transição interior...
...talvez meu relógio biológico não acompanhe meu relógio cronológico... afinal, com que idade será que estou agora?
Que estória é essa de mentir a idade?Nós, que somos jovens de alma e de espírito, devemos nos orgulhar da idade que temos, afinal, a passagem do tempo traz sabedoria e serenidade (ou pelo menos deveria).Quanto às tatuagens, adorei o que dissestes.Não concordo com o comentário aí de cima de que não precisa de tatuagem para ser feliz, etc e tal.É claro que não precisamos, mas com certeza é muito bom marcar o corpo com aquilo que acreditamos e que de alguma forma nos identifica.Das minhas 9 tattoos, todas têm sua devida importância na minha vida...
Bom, acho diferente essa história de ser e estar feliz. A idéia essencialista em uma felicidade eterna, em ser feliz. A felicidade naum pode ser entendida, no meu ponto de vista, eu disse no meu ponto de vista, a felicidade é dado por momentos, momentos efêmeros,mas que deixam marca e podem ser eternizadas em uma marca, em um simboloa, mas que ela possa ser, eu naum concordo, ela está, assim como estão os sentimentos, os paeis socias, etc... as vezes a poesia é essencialista e peca por isso
abs
marcio
Pretendo fazer uma tatoo quando completar meus 30. Mas ainda faltam alguns anos, e tb falta escolher o desenho...
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