Socorro: O Ano Novo já chegou

O tempo anda passando muito rápido. Semana passada foi o natal, anteontem carnaval, ontem comia os chocolates da Páscoa e já estamos quase em novembro. O ano novo já chegou, mas com o gosto de velho e usado.Rápido feito carro que passa correndo pela gente na estrada. Quando a gente viu já foi. Esta semana já marquei compromissos pra 2008, já dei cheques pré-datados para lá, já fiz planos para janeiro, pensei no carnaval, no feriado de páscoa. Ta difícil de agarrar no presente, pois o futuro já ta na porta batendo forte, quase derrubando, com suas cobranças, querendo respostas, querendo decisões e soluções.

O tempo esta voando. Quando vemos o filho do primo já é um rapaz que está trabalhando, o irmão já vai ao cardiologista, não temos mais avós. Quando paramos para perceber vários amigos nossos já morreram, os livros antigos estão amarelos, estamos com mais cabelo, menos barriga e cara mais sorridente e com menos rugas nas fotos. A camisa não serve mais, a calça não fecham na cintura, os planos de saúde ficam mais caros e nossa paciência diminuí. Mal paramos nestes devaneios e o dia de amanhã já esta ao lado gritando, querendo saber o que achamos disto, se já fizemos aquilo, quando vamos lá, que dia será a reunião, se já retornamos a ligação. Não adianta pedir cinco minutos a mais na cama de manhã, nem paz segura no fim do dia. A cobrança do futuro é onipresente.

E no meio doçaeste vendaval esquecemos do principal. De curtir a vida, de acordar com calma, de almr sem pressa. De voltar pra casa com prazer e curtir a boa solidão. Esquecemos de dizer bom dia, obrigado, de dizer te amo. O ritmo frenético da vida esta a nos exigir constantemente tornando quase tudo uma obrigação. É preciso ser feliz, é preciso rir, agora é hora de gozar, depois de relaxar, mas não por muito tempo. A competição e grande e para ter destaque tem que se esforçar. Só os fortes sobrevivem. Mas que fortaleza é esta e que fortes são estes?

Ando cansado desta máquina de moer gente que a vida moderna se transformou com suas facilidades eletrônicas, com a necessidade de se atualizar todo o minuto e seus fantasmas consumistas, deletérios e descartáveis. Vejo o acúmulo dos livros, Cds e Dvds e meu tempo de curti-los anda cada vez mais curto, pois as responsabilidades consomem e controlam. Penso nos amigos com quem queria conviver mais, mas a distância e o tempo restrito não permitem. Vejo o amor me rondando e sorrindo, mas eu estou com sono, sem humor, exausto e ele se retrai e se recente. A vida passa rapidamente no calendário, dentro de mim mais rápido ainda. Acelerada, nervosa, exigente e monocórdia.

Parem os relógios. Desliguem-se os telefones. Não vou mais ver e-mails, nem ler os jornais, nem assistir TV. Não quero saber das últimas notícias, nem quero ouvir as perceptivas, os prognósticos, as previsões dos mercados. Não quero me aprofundar em outros idiomas, nem ser pós-pós-pós- pós-graduado. Não quero mais ter que ficar sem dormir pra terminar o último relatório, pra atualizar o memorando final. Um pouco de paz e ócio, por favor, e o futuro será melhor.