segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Falando sobre sexo fácil ou ...................muito prazer Suzana Flag!

O escritor e jornalista Nelson Rodrigues utilizou o pseudônimo de Suzana Flag para escrever o folhetim “Meu Destino é Pecar”, em 1944. Durante semanas o público acompanhou as narrativas apimentadas, sem saber quem era o verdadeiro autor. A tiragem do jornal triplicou e o sucesso foi imenso provocando curiosidades, paixões, desejos, delírios e fantasias. 40 anos depois o texto serviu de base para uma minissérie na Rede Globo, no mesmo tom provocativo. A reação do público que acompanhou o folhetim primeiro foi de indiferença, mas depois se dividiu entre a crítica moralista que encobria o deleite dos leitores ao acompanhar aquelas histórias que pingavam desejo num tom provocativo e reflexivo.

O sexo ainda continua sendo um tabu. Por mais que as pessoas façam, desejem, experimentem, queiram, sempre existe um sorriso de desaprovação, uma nariz torcido, um olhar desviado, um silêncio quando o assunto surge. Dentro de cada um de nos vive uma Suzana Flag ardente e querendo ter seus desejos contemplados. Ansiosa por fechar a porta e se desligar do personagem de boa moça que a acompanhou durante o dia. Querendo viver as fantasias que critica e poder narrar seus desejos sem censura.


Hoje em dia os pseudônimos rodrigueanos recebem outra roupagem. Nas madrugadas virtuais os nicks variados seguem o mesmo caminho do escritor. Desta vez não são relatos de alguém que se insere na alma feminina para contar historias e inaugurar um estilo na literatura, mas de almas sedentas que buscam nestas fantasias uma forma de extravasar o que acumulam ou escondem, uma saída para suas carências ou uma forma diferente de viver o desejo e chegar ao clímax.


Do singelo desejo de se sentir desejado por um estranho, até ao vicio que faz disto uma necessidade, uma gama de sentimentos e sensações percorre as redes virtuais escondendo verdades e produzindo apenas paixões de momento, orgasmos de ocasião, amores de oportunidade. Suzana Flag se transforma em milhões, sem limites geográficos, de gênero, raça, cor, faixa etária ou entendimentos. Toda à noite ela se manifesta em corpos, mentes, bocas e dedos teclantes revelando-se inteira, para ser consumida e consumir.


Nos chats, diários virtuais, páginas de fotos ou anúncios, onde uma gama de desejos é colocada à mostra, este é o habitat onde Suzana Flag, nossa sedutora senhora dos desejos, espalha a luxuria nas suas variadas colorações deixando um rastro de câmeras tremendo, teclados sujos, mouses jogados longe e aparelhos desligados bruscamente devido a manobras desastradas de internautas inexperientes.



O sexo no mundo virtual esta ao alcance de dois cliques e com a mesma velocidade que inicia já se encerra e recomeça. Suzana Flag virtual vive no mundo dos bites e reina nas madrugadas dos solitários, dos cônjuges insatisfeitos, dos insones, dos considerados depravados. A sedução virtual exige maior agilidade nos dedos e capacidade de síntese extrema, além de olhos fechados para incorreções da grafia e muita fantasia como elemento principal.


Ainda sou antiquado. Prefiro o contato direto, o flerte sutil, a conexão da troca de olhares. Prefiro o tato, o cheiro, o gosto que não substituem a imagem, mas a complementam e a qualificam. Prefiro a sedução mútua do jogo de palavras, cujo tom é um elemento fundamental, a mão fagueira que agarra a outra e sente no calor a intensidade do momento. Prefiro sentir o cheiro do hálito, da pele, do corpo que exala em escalas variantes entre o desejo e a contenção. Intuir os conflitos internos entre a vontade da entrega e o medo de se entregar.



Oh Suzana Flag madrinha dos gozos virtual, senhora de todos os fluídos derramados entre tecladas. Que sua presença proporcione bons momentos aos que a ti recorrem, manhãs mais bem humoradas depois das madrugadas excitantes, bons humores, sorrisos de satisfação e de alegria. Que também em teu nome sejam produzidos bons textos para alegria igual dos amantes rodrigueanos, órfãos desta sutilidade e quase afogados no excesso de estímulos fáceis.


4 comentários:

garoto de reticências disse...

Nelson em todas as fórmulas, em todos os frascos, em todos os preços e pra todos os gostos.
Seres condicionados a rapidez de um mundo virtual tão amplo qnto o inconsciente coletivo!
Nelson será sempre Nelson! e nós seremos sempre safados( e por que não humanos?)

MaxReinert disse...

Nelson foi, e continua sendo, um gênio porque consegue captar da alma humana suas mais variadas nuances... esse cotidiano de desejos, fantasias e perversidades também fazem parte de nossa alma!
O que fazemos com eles... ou melhor, como lidamos com eles, é que irá fazer toda a diferença!!!
Aceitá-los e compreendê-los?
Negá-los, reprimí-los e nos unir-mos à hiprocisia reinante?
Desejo não é Pecado. Pecado é Restrição!

pedro disse...

tá quase na hora de começar a monetizar o blog hen.
:)

Marcus Carvalho disse...

Sim monetize o blog com muita camisinha!

Fui