quarta-feira, junho 27, 2007

A literatura, as sincronias e a vida... Jose Arcádio, Aureliano e Ema Bovary

Terminei nesta semana a leitura das quase 400 paginas de “Cem Anos de Solidão.”

Aprendi a colocar significado nas coisas, e ler nas linhas e entrelinhas do tempo, os sinais que eles apresentam. Achei significativo chegar ao final nesta fase da minha vida. Li e reli diversas vezes as últimas páginas, deliciando-me em cada parágrafo. Percebi que conheço muitas pessoas que possuem pontos em comum com os personagens que formam a linha condutora do livro: José Arcádio e Aureliano. Os sucessivos que aparecem, nas sete gerações da família Buendía, revelam personalidades próprias, marcantes e apaixonantes e muitas destas características me aparecem comuns em pessoas próximas. Os José Arcádios aparecem na obra sempre fortes, viris, trabalhadores, impulsivos, extrovertidos. Homens que cultiva as amizades, o amor em meio as diferenças, a avidez pelas novidades e por quebrar regras obedecendo a paixão. Não é a toa que as transgressões e as revoltas se concentram ao redor destes personagens. Já os Aurelianos são filosóficos, calmos, introvertidos, pacatos, estudiosos e muito fechados no seu próprio mundo interior.


Por uma destas coisas que só acontece em Brasília, está em andamento um projeto, chamado Parada Cultural, que leva para umas parada de ônibus, próxima da minha casa, uma biblioteca ambulante para quem quiser conviver mais de perto dos livros. Debaixo de uma barraca se colocam três ou quatro estantes e um grande baú cheio de obras, ao lado uma prancheta com os dados de quem quer levá-los emprestados para leitura. Não existe funcionários, burocracia, nem seguranças. São cerca de seis mil livros, que ficam ali a espera de leitores. Quem chega escolhe, coloca o nome na lista e leva para casa, dentro de cada livro um panfleto explica como devolver e incentiva quem tem livros já lidos em casa a trazer para doação e, assim, fazê-los circular.


Estava ali esperando a condução e vendo se encontrava algum título interessante. O ônibus já apontava a poucas quadras, quando um livro de capa vermelha chama minha atenção: era “Madame Bovary” a imortal obra de Flaubert. A partir daí foi tudo muito rápido. Lembrei que este livro causou polêmica na França no seu lançamento, levando o escritor a julgamento por ofender a moral e a religião, lembrei da personagem principal mulher sonhadora, angustiada, presa a convenções burguesas da época, lembrei do autor que ficava anos burilando o texto, incluindo consciência e sensibilidade até torná-lo quase impecável. O ônibus já estava parando quando lembrei também que apesar de saber tudo isto não havia lido o livro, então não pensei duas vezes, peguei o exemplar e levei junto comigo.


Agora já despedindo-me de Macondo, embarco para a Paris na segunda metade do seculo XIX. O destino já mostra de novo sua face. Há pouco encontrei pessoas que tinham lido ou estavam lendo este livro, e o comentavam com entusiasmo, parece um sinal de que ele bateria na minha porta. Acho que ninguém passa ileso por grandes livros, todos nos calam e nos influenciam forjando na alma questões que ficam para vida. Vamos ver o que esta obra capital tem a me dizer e no que a convivência com estas reflexões vão me afetar.

Que seja boa esta viagem iniciada numa parada diferente.

10 comentários:

Pa[†φ] BEiJo disse...

esse livro me parece ser realmente muito bm mas tenho q te cnfessar q não em atraio por esse tipo de literatura, gosto das auto-biografias de livros com fatos reais...

bjus
se cuida^^

Arne Balbinotti disse...

Eu ao contrário da Paty não sou de ler, acho que nisso sou um completo ignorante, leio sim, mas a leitura tem que ser rápida, por que logo me distraio...
Mesmo assim vou capitando fragmentos de outros que leem e assim vou montando meu livro de bolso.
Eu li "A Ira dos Anjos" do Sidney Sheldon e gostei muito, não é muito literario mas me prendeu assim como os livros do Paulo Coelho...
Abraços.

Carlos César disse...

Como disse Caio Graco:
" Os livros não mudam o mundo.Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas".

Te desejo uma profícua leitura. esse é mais um clássico que vc toma para a leitura, afim de enriquecer o seu conhecimento e viajar pelas entrelinhas de histórias fascinantes.

Um forte abraço,

CARLOS CÉSAR

Anônimo disse...

Belíssima escolha, tenho certeza que terás muitas horas de infinito prazer!Lembras do único livro que me destes???Lindo!Beijão.

Psique disse...

Olá
Primeira vez que venho a seu blog e confesso que me impressionou.
Textos mt bons!
Boa leitura pra vc..
Bjks

Anônimo disse...

Liandro
Esta na praça em espanhol(America Latina, menos Brasil, não consegui o exemplar) da ultima edição de Cem Anos de Solidão, esta edição traz um mapa sobre os Boendia. Assim sendo a leitura fica mas saborosa. Sera lançado em agosto aqui no Brasil, Brasilia, pelos editores. Isto posto te aviso para ir, vão fazer uma conferencia sobre o livro.
NAMASTÊ

Diego Moretto disse...

Dae Cara!!
Bom, o Cem anos... ganhei quando eu tinha 16 anos e comecei a ler. Depois de umas 120 páginas desisti pois não estava entendendo bulhufas, hehehe. Após 3 anos (2007) peguei-o de novo na minha estante e comecei novamente. Devorei em duas semanas. Achei o livro de uma profundidade e realidade sem igual. ótimo mesmo. Gostei desse projeto..Parada cultural. O povo precisa de incentivos assim. E depois vc conta se esse livro que anda lendo é bom mesmo.

Liandro, te indiquei em um prêmio que esta rolando na net, depois da uma passada no meu blog que escrevi sobre isso em um post. abs!

Anônimo disse...

Minha opinião sobre os livros vc já sabe...afinal foi através deles que nos aproximamos mais e mais.....
Eles, os livros, têm várias finalidades...entretenimento, cultura, entre outras coisas, só não sabia que eles podiam fazer as pessoas se apaixonarem umas pelas outras...

Por isso, devolva o livro que emprestou para que a Parada Cultural continue sendo um projeto inovador e para que os livros continuem causando esses encontros entre as pessoas, assim como fez conosco....Beijos
Di

Anônimo disse...

Oie Querido ;)
é sempre bom reparar como os livros nos trazem a realidade ou a realidade é q nos levam pra dentro das paginas, capitulos, enfim dos livros.

encontrar livros em paradas não é mero acaso, pode ser inicio de uma viagem que nos surpreenderá ...

abraços

André Luis Santos disse...

Puxa! Parabéns pelos textos, adicionei seu blog como favorito! Quero ler com mais calma ainda! Bonito você heinh! Mas não fique desconfiado! Rss!! Abração! André. Vitória - ES
andreluis.santos@gmail.com