
Todos os dias no interior do Rio Grande do Sul um homem, já caminhando para os 70 anos, acorda antes do nascer do sol. Especialmente nestes tempos gélidos do inverno gaúcho acende o fogão a lenha, prepara o chimarrão e contempla o horizonte pensando na vida, na infância com a mãe e os diversos irmãos, na juventude, nas dificuldades dos tempos do trabalho insalubre, na companheira de mais de quatro décadas, na alegria dos filhos e, agora, dos netos: meu pai.
Eu há muito decidi não ter filhos, prefiro ser tio. Acho o mundo cada vez pior para se deixar o meu DNA e acho meus ombros muito fracos para sustentar esta responsabilidade. Mas tenho uma admiração por quem esquecendo as agruras do mundo e, se fazendo mais forte dos que realmente é se lança neste desafio. É preciso se fazer gigante, ter mil mãos, ser duro mesmo chorando, se esforçar com um sorriso e estar pronto para não receber agradecimentos ou recompensas. Por outro lado ser pai não é uma tarefa para qualquer um. Saber desapegar-se, controlar-se, ter a consciência de que está servindo de norte para pequenos seres que lá adiante, na vida adulta, ainda levarão as marcas da convivência, não é uma tarefa fácil e boa parte das fila nas portas dos psiquiatras se deve a esta convivência nem sempre harmonica.
aflorar, as mulheres e mães têm o lado sensível estimulado e são cercadas de carinhos mais explícitos. Felizmente vejo nas novas gerações mais demonstrações espontâneas de afeto entre pais e filhos, embora reconheça que sejam raras. Lembro que uma vez no tapete de casa, meu sobrinho – na época pequeno - disse pro meu irmão: “Pai, eu te amo.” Aquele pequeno momento, que devia ser corriqueiro pro meu irmão, para mim foi de um significado profundo, pois embora tivesse uma gama de sentimentos muito semelhante com meu pai, não me lembro de ter dito isto pra ele, muito menos de forma tão tranquila como meu sobrinho havia feito.
Um comentário:
'Quando fecho os olhos, estou sentada na pequena escada que tem vista para o quintal, que era uma mar verde repleto de árvores lindas. Todas carinhosamente contornadas por umas pedrinhas em fileira que meu pai botou em volta'
Quando volto anos atras,levada por textos lindos como esse que li nesse blog, agradeço.
Todas, todasss as minhas lembranças do meu pai, são doces, sinto saudades...
Boas vibrações sempre!!!
~Ana Brunini
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