O resumo destas várias histórias, que têm o amor romântico como base, é também o resumo do novo sucesso no cinema: o filme “Sex and the City”, baseado no famoso seriado que, em seis temporadas, se transformou num marco de sucesso em diversos países, no Brasil inclusive. E o ápice do longa é justamente esta cena do (quase) casamento. Imagine o dia dos seus sonhos. Uma cerimônia linda montada num lugar deslumbrante, vestido de grife espetacular, todos os amigos, badalações como se fosse o evento do ano e… o noivo não vem! Além disto, tem todo um enredo envolvendo as melhores amigas, presenças emblemáticas do seriado que agora é transportado para a telona. Uma mergulha no trabalho e, sem tempo para sexo, sofre uma traição confessada a qual considera imperdoável. Outra acha que é tão feliz que tem medo que algo de mal a aconteça. E uma terceira descobre, aos 50, não ter vocação para o casamento e que seu destino é ser livre. A pergunta que permeia todo o filme é clara: até onde podemos perdoar?
Você perdoaria uma decepção deste tamanho que te expôs de forma tão humilhante? Perdoaria uma escorregadinha que ninguém ficou sabendo? O dano da traição é proporcional ao tamanho do número de pessoas que ficou dela sabendo? O fato de ter confessado ameniza o dano? Mesmo de forma secundária, soterrado na avalanche de grifes e modelitos do filme e escondido entre drinques e tragadas, há um questionamento sobre o perdão. Lógico que se tratam de dúvidas feitas entre mulheres ricas e bem sucedidas, habitantes da capital do mundo consumista e que com acesso ao que existe de mais badalado em matéria de futilidades e modismos. Se transportado para outro ambiente as reações seriam diferentes, mas em qualquer tempo e lugar a discussão traição x perdão estaria presente na vida dos que se relacionam. E não adianta fugir, porque mais cedo ou mais tarde ela bate na sua porta. Não se trata de dar fé ao ditado que “chifre e vogal no nome todo mundo tem”, mas atire o primeiro sabonetinho de motel quem não pediu, ou ouviu, um pedido de perdão cuja raiz estava no fato de ter saído com outra pessoa.
O diferencial do filme é que apresenta de forma muito clara uma traição que não envolve sexo, mas que tem no vacilo de um dos elos do relacionamento o seu ponto principal. Trata-se de um deslize bem localizado, que acontece quando a relação, o namoro, o rolo que já estava evoluindo para uma vida em comum, adquire uma roupagem nova de formalidade e compromisso. O medo de não dar conta disto é grande e então, no filme, se comete à traição da dúvida. Qual a que dói mais?
Minha diarista Marinalva, mulher racional que sabe o que quer e não tem tempo a perder, só afrouxa quando vê as historias de amor de sua sagrada telenovela. Na dia a dia ela é categórica, e se faz pouco caso para as puladas de cerca do marido é porque sabe que, no fundo, ele nunca vacilou com ela. Preocupada com a renda familiar, com o sustento dos filhos e com sua sobrevivência, a diarista fica com o essencial e não guarda tempo para perfumarias. A maioria das mulheres não viu o seriado e não vai ver o filme, e é justamente esta massa que no cotidiano avança em conquistas e respeitos que fazem a diferença da condição da mulher moderna. O seriado foi saudado exageradamente como o que “inventou a mulher moderna”, como se o somatório de futilidades e superficialidades fosse à base da emancipação das mulheres. A modernidade feminina cresceu aos poucos em lares como o de Marinalva, onde as responsabilidades são divididas e os deveres compartilhados, onde se toleram erros humanos, mas jamais vaciladas feias.
A mulher moderna sabe perdoar, mas sabe se valorizar também, e não raro faz disto uma moeda de troca para aquilo. Antes de perdoar traidores e vacilões elas mesmas se perdoam a ponto de se entenderem humanas como eles e, assim, se libertarem para permitir sua nova chance em busca de novos erros.
7 comentários:
Nossa!!!
Muito bom seu texto....
Ainda não ví o filme.. mas a temática, desde já me agrada!!!
Bjzz
Nossa ainda nao assisti o filme, mas me desmotivaram e muito hehehe... mas um dia assisto...
Abraços
Cisco
http://borarir.blogspot.com/
Nossa deve ser massa então esse filme?!
você resumio e comparou muito bem esse filme pra jente
vlw!
o blog ta massa!
=D
o filme tem uma temática interessante, e o filme é viaz, ativo, rapido, não deixa a desejar em nada mesmo, em realção ao tema, acredito que como tudo na vida isso é variavel, exitem os que aceitam e o que não, seu texto é muito bom, um ótimo review do filme com opinião e humor!
Adorei o filme e teu texto está muito bom, descreve bem e traz à nossa mente as mensagens que ele passa. Show!
Adorei as pedrinhas de sabonete....
Tu contou o final! Hehehehe...
Vou te atirar um sabonetinho de motel hoje de noite! =D
Várias pessoas já me perguntaram se eu era como a Samantha, por ser RP, paoksaoskaopkspaoksaoks...
Até mais!
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