terça-feira, setembro 02, 2008

Reflexões setembrinas

Junto com setembro chega à esperança de dias melhores e mais felizes. Neste hemisfério após o inverno, o sol da primavera mostra seus raios iluminando corpos e mentes, re-energizando sonhos e tirando o mofo de comportamentos cristalizados. Nesta parte do mundo que atualmente habito após um longo período de seca terrível, dos céus já começam a cair tímidos pingos de chuva, que vão se tornar intensos ao longo das próximas semanas e meses e voltar a tornar florido e verde todo este planalto central. É a natureza marcando ciclos e dando corda no relógio do mundo. Setembro já permite vislumbrar a esquina do ano novo e com ele o renovar de expectativas. É um tempo de avaliar os propósitos assumidos na última virada de calendário e planejar os próximos passos, um tempo de inovar e (se) conhecer, um tempo de ver o céu azul sem os empecilhos da temperatura elevada ou das nuvens cinza.

Tradicionalmente o mês de agosto é conhecido como um mês de desgostos. A história tratou de consagrar esta teoria. Suicídios, renúncias, guerras, assassinatos são ligados aos dias do oitavo mês, mas ao seu final o fulgor de setembro já garante a premiação aos que sobreviveram. Infelizmente temos o hábito de marcar a vida por eventos de recomeço, como se os dias não fossem contínuos em seu fluxo. Uma tentativa inútil de apagar os erros cometidos marcando o início de um tempo de não erros. Cuido para não fazer deste mês, ou de outras datas mais marcantes que virão, um zerar do que passou, ao contrário procuro colher às experiências e reflexões de todo o período para alicerçar minha estrada daqui pra frente. Mas existem ocasiões em que sento a sombra de árvores frondosas e penso no caminho percorrido. Lanço um olhar nostálgico, mas acima de tudo procuro identificar o que me fez melhor neste trajeto e onde eu preciso ajustar os parafusos do agir para continuar o próximo trecho. Nem sempre estes períodos são tranqüilos, pensar sobre nós mesmos exige uma força interior grande e um desprendimento de censura, principalmente a que tenta esconder os erros cometidos nas sombras da vaidade.

Setembro é um mês que as árvores ficam mais verdes e vistosas e as flores exalam o pólen que vai gerar mais vida e mais beleza. E nesta ocasião que dedico mais tempo a este exercício de autoconhecimento. Não faço disto uma ocasião de uso do chicote do arrependimento nem de flagelação da culpa, embora elas surjam durante este período. Procuro valorizar o caminho ainda a percorrer e a partir destes ajustes torná-lo melhor. Incrivelmente nestes momentos acabo me dando conta de coisas que estavam o tempo todo na minha frente só eu não percebia. Às vezes me sinto tolo demais acreditando em amizades leais, em pessoas maduras, em sinceridades e compromissos cumpridos. Noutras me dou conta de que as pessoas são como são e não têm o peso que eu coloquei sobre elas forjando uma imagem irreal que só causa frustração para mim mesmo. Quantas vezes eu também não correspondi à imagem que outros criaram de mim e nem por isto fiquei melhor ou pior. Na vida real não existem super heróis com super poderes isentos de escorregões.

A aceitação da realidade é um dos passos mais difíceis desta reflexão setembrina. O outro é o abrir mão das coisas. Entender que não é possível ter tudo, saber filtrar o que realmente serve e o que vai produzir a felicidade mais duradoura possível é um exercício difícil. As múltiplas possibilidades me deixam tonto, uma espécie de gula às vezes me ronda fazendo crescer o olho sobre os diversos estímulos que me cercam. Quero pegar com a mão as estrelas e fixar para sempre aquele momento que me de proporcionou um prazer grande. A percepção da ilusão me acorda do sonho e mostra que o real é diferente das luzes estroboscópicas que oculta parte importante do real. Felizmente a realidade esconde tesouros de verdades, mesmo que nosso olhar viciado não perceba, por algum tempo, o singular brilho que estas jóias cintilam.

Setembro chegou apesar disto tudo. E com ele a estação onde as flores surgem chamando a atenção, mas exigindo cuidados. As flores metafóricas da existência também precisam de terreno propício pára florir. Infelizmente temos tendência a complicar demais o que poderia ser bem mais simples e isto acaba sufocando a germinação ou o excesso de zelos acaba por afogar as mudas. Aproveitemos o setembro para, a partir dos exemplos que a natureza aponta realizar uma fotossíntese da alma eliminando o gás carbônico da complicação, da ilusão, da negatividade e distribuindo o oxigênio renovador da esperança, da disposição e da certeza. Afinal mesmo que inverno seja uma estação belíssima por todas as peculiaridades que ele trás, a primavera chegou para todos. Deixemos que aconteça também dentro de nós.

5 comentários:

Mariana disse...

E minha estaçao preferida... primavera....


bjs

Alberi disse...

Liandro,

Quero te empresariar, vamos ganhar um dinheirinho com teu talento, deixa que me encarrego disto!!!

Também tenho talento, para cifras. . .

Alberi.

Alberi disse...

Liandro,

Quero te empresariar, vamos ganhar um dinheirinho com teu talento, deixa que me encarrego disto!!!

Também tenho talento, para cifras. . .

Alberi.

Lari Bohnenberger disse...

A primavera é sim minha estação preferida... não tanto pela temperatura do clima, já que sou uma amante do frio mais frio, mas pelo colorido que toma conta da natureza a nossa volta.
Bjs!

Anônimo disse...

Que esse seja uma grande primavera na sua vida, cheia de florescimentos, reflexoes, e surpresas...
Abraços, Helton